Do lixo ao luxo
- Davi Carlos
- 8 de jun. de 2017
- 2 min de leitura
Um material de ferro demora de 100 a 200 anos para se decompor. Então, como dar um destino sustentável a um objeto que não é biodegradável? O artista barbacenense, Yure Mendes, residente em Juiz de Fora, utiliza sucata para compor suas esculturas.
Yure trabalha com arte há cerca de 15 anos. De lá pra cá, ele já transitou no campo do design, móveis e hoje se dedica exclusivamente à confecção de esculturas. Suas inspirações variam de acordo com a demanda, do tempo e do pedido. “Algumas coisas são a partir de pesquisa, penso num tema e vou investigar; outras são intuitivas, penso num tema e decido fazer; às vezes, faço uma leitura de algo que já existe, tentando dar uma característica nova.”
Sucata do bem
O artista trabalha tanto com material novo quanto com sucata. Segundo ele, cada escultura tem uma proposta. “Tem esculturas híbridas e coisas que saem todas da caixinha de sucata, coisas que eu pego fora... vou nos baldes de sucata dos colegas e saio catando. E, quando não gasto todo meu material e sobram pedaços, eles vão para a os baldinhos de sucata que tenho, ficam ali meses parados, mas uma hora eles serão necessários.”
Para Yure, a questão do ecológico está na jogada de pegar um material e aproveitá-lo ao máximo, reduzindo o desperdício. “O que vai juntando, de pedacinho em pedacinho, chega ao tamanho de uma barra industrializada nova, assim você economiza recurso natural, água, energia, força humana e produção. Além disso, algumas coisas que você recicla dão todo um charme à obra que está sendo feita.”
Algumas obras do escultor Yure Mendes:
Ambientes, obras e o público
Yure já participou de exposições em Juiz de Fora, Muriaé, São João del-Rei e no Rio de Janeiro. Entre os trabalhos comerciais, destaca um motel no Rio que comprou um acervo completo de uma exposição para colocar no saguão, além da participação em festivais coletivos no Rio e em São Paulo.
Entretanto, o escultor ressalta que “o melhor lugar para exposição” é onde as pessoas estão vendo a obra. “Gosto muito de arte ao ar livre, levar a arte para as pessoas. Toda vez que faço um projeto que tem incentivo, ou um projeto maior, eu gosto de levar para o público. O melhor lugar pra mim é onde as pessoas possam ver. É muito bacana aquele espaço de galeria, climatizado, controlado, tudo certinho, mas o mais legal é expor num shopping, num espaço comercial, numa praça onde as pessoas estão circulando o tempo todo, vendo e consumindo arte.”

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